Pastor diz que autistas são influenciados por “entidades espirituais” e é denunciado
- 12/04/2025
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O pastor Rogério Wellington Gomes de Oliveira, que se apresenta nas redes sociais como Rogério Zayte, está sendo alvo de uma série de denúncias por declarações consideradas ofensivas e discriminatórias contra pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). As falas vieram à tona através de um vídeo amplamente compartilhado nas redes sociais, no qual o pastor afirma que o autismo é causado por um “mal geracional” e estaria ligado a entidades espirituais como Ogum e Ares.Em uma live transmitida pelo canal O Fuxico Gospel, o empresário Márcio Bieda, diagnosticado com autismo, relatou sua indignação com as falas e revelou ter registrado um boletim de ocorrência na Polícia Federal. “Ele disse que toda pessoa que tem um autista na família está ligada a um mal geracional. Isso é criminoso. Está induzindo a igreja a tratar crianças autistas como endemoniadas”, denunciou.
Durante o vídeo, Rogério Zayte diz: “Autismo mal geracional da quarta geração pra cá. Toda pessoa que tem autista na sua casa tá ligada a um mal geracional”. Em outro trecho, ele complementa: “A entidade que rege o autismo está ligada a Ares, Ogum, São Jorge, o deus da guerra. Por isso, o autismo é frenético e, às vezes, violento”.
As falas causaram revolta imediata entre pais, profissionais de saúde, especialistas em neurodiversidade e lideranças religiosas. A ONG Força Azul, sediada no Espírito Santo, composta por pais cristãos de crianças autistas, se juntou à mobilização e está orientando outras famílias a registrarem queixas-crime contra o pastor
Do ponto de vista legal, as declarações podem configurar crimes previstos em leis federais. Segundo o advogado Paulo Henrique, que representa Bieda, o pastor pode ser enquadrado nos artigos da Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015), que criminaliza a incitação ao preconceito contra pessoas com deficiência. “A pena prevista vai de dois a cinco anos de reclusão, podendo ser agravada por ter sido cometida por meio de redes sociais”, explicou.